Cotas para negros nas universidades são discutidas em evento do PDI
A reserva de vagas para estudantes negros nas universidades é um instrumento legítimo para tornar o Ensino Superior Público mais inclusivo?
Para discutir o tema e tentar encontrar respostas para essa questão, a mais recente reunião do PDI trouxe representantes de organizações com atividades relacionadas às lutas do movimento negro. Organizado pela PROAP (Pró-reitoria de Assuntos Comunitários e Políticas Afirmativas), o evento transcorreu no formato de um simpósio. Embora a presença de pessoas favoráveis à implantação das cotas fosse majoritária, houve espaço para um opositor da política. José Carlos Miranda, coordenador do Movimento Negro Socialista (MNS), defendeu a não-adoção das cotas por não acreditar no conceito de raças.
Os demais debatedores eram todos favoráveis às cotas. Presente à mesa, Daniel Teixeira é coordenador de projetos do CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho). Como advogado, ele falou sobre a legitimidade jurídica das políticas inclusivas da população negra no Ensino Superior e mostrou dados estatísticos que comprovam as diferenças de oportunidades educacionais entre brancos e negros.
O professor Hermano Tavares foi convidado na condição de reitor responsável pela implantação das cotas na UFABC. Além de discorrer sobre este processo, desenvolveu a ideia de que os movimentos demográficos que mostram o acelerado envelhecimento populacional no Brasil e no mundo exigem a formação de um contingente maior de cidadãos para a produção de conhecimento e as cotas potencializam este processo.
Douglas Belchior argumentou que o fracasso das políticas consideradas universalistas, comprovada pelos indicadores de prisão e morte de jovens negros, baixa escolaridade e assimetrias salariais, abre margem para a implantação de medidas focadas. "Depois da abolição da escravatura em 1888, passamos a ser todos cidadãos, com direitos e políticas universais. Depois de 124 anos de política universal, ela resolveu alguma coisa?", questiona.
O professor Joel Felipe, que mediou o simpósio, afirmou que as discussões não esgotam o assunto nem teriam como abordar em um único debate a inclusão das pessoas com deficiência, e questões de gênero e diversidade sexual, entre outras. Novas reuniões do PDI tratarão de outros temas relacionados ao cotidiano acadêmico e ao futuro da Universidade.
Assessoria de Comunicação e Imprensa
5/12/12
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