A UFABC em 2015: Foi um ano bom ou ruim?
Klaus Capelle
A pergunta do título é, obviamente, unidimensional demais para fazer jus a um ano tão desafiador e tão enriquecedor quanto o passado.
Sem querer esgotar, nem remotamente, todos os assuntos e acontecimentos relevantes de 2015, convêm iniciar essa reflexão pelo final do ano, quando a crise financeira, que se manifestou em outras instituições brasileiras muito antes e de cujas consequências conseguimos proteger a UFABC durante a maior parte de 2015, finalmente atingiu também a nossa universidade e exigiu esforços de economia significativos.
Medidas como o desligamento parcial dos elevadores, a redução da frequência da limpeza dos prédios, a redução dos serviços de zeladoria, a suspensão das ligações internacionais das salas dos docentes, o recolhimento de celulares corporativos, etc., nos permitiram economizar recursos importantes de custeio. No que tange à economia de recursos para investimento, o maior impacto foi a suspensão do projeto do futuro Bloco Lambda, no campus São Bernardo (mas faremos bom uso do espaço reservado para este Bloco: em colaboração com grupos de alunos, estamos construindo uma quadra poliesportiva provisória no local.). Outras medidas, algumas delas dolorosas, ainda deverão ser tomadas em 2016. Assumimos, mais uma vez, o compromisso de divulgar todas as medidas com transparência. Garantimos, também, que nossa prioridade absoluta continuará sendo o pagamento das bolsas outorgadas.
Frequentemente, a economia de recursos traz importantes benefícios não financeiros como consequência. Por exemplo, a antecipação para 2015 da mudança dos servidores que trabalharam na antiga unidade Catequese para o Bloco A economizou em torno de dois milhões de reais anuais e encurtou caminhos, acelerou processos e aproximou partes da comunidade universitária que antes estavam distantes. Outro exemplo é o Plano de Logística Sustentável (PLS), construído e divulgado por meio de muitos eventos e consultas públicas em 2015, que identificou, entre outros resultados, oportunidades para economizar energia e água, ilustrando que o avanço ambiental beneficia também o balanço econômico, uma lição que do microcosmos da UFABC pode muito bem ser extrapolada para o país e o planeta.
A crise financeira não foi a única que assombrou a Universidade em 2015. As pichações racistas, homofóbicase machistas em espaços da UFABC são indicativos de uma crise moral, e mostram que a universidade não é livre das doenças da sociedade, como a intolerância e a discriminação. Cabe à instituição, e a cada um de nós, defender os valores universais da tolerância e do respeito no convívio humano.
Com relação à segurança pública, outro problema social que afeta a universidade, foram obtidos importantes avanços em 2015, ilustrados pela melhora na iluminação, na vigilância e no urbanismo no entorno dos campi e a resultante redução de ocorrências, e pela realização do simpósio sobre segurança pública na UFABC.
Falando de simpósios, a UFABC sediou em 2015 muitos eventos de importância nacional ou internacional, dentre os quais a conferência para a elaboração do Plano Regional de Educação do ABC para os próximos 10 anos, a entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, o COBENGE, o COPEX e o Workshop Brasil-Turquia de Nanotecnologia, dentre inúmeros outros.
No decorrer do ano, vários novos espaços foram entregues, tais como os mezaninos do Bloco B, no campus Santo André, e o Bloco Ômega, no campus São Bernardo. Iniciamos ainda a terraplanagem da Unidade Tamanduatehy (coloquialmente conhecida como "anexo do campus Santo André" expressão que não faz jus ao tamanho e beleza dos prédios que serão construídos lá).
No quadro da organização institucional, a mudança do nome da antiga ProEx para Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (ProEC) foi uma importante sinalização simbólica. A criação do Núcleo de Tecnologias Educacionais (NTE) e do Escritório de Integridade em Pesquisa (EIP) exemplificam a consolidação da estrutura acadêmica da Universidade. Essa consolidação se reflete também em dois marcos atingidos (e superados!) pela UFABC em 2015: a milésima defesa na pós-graduação e o milésimo aluno da Universidade participando do programa Ciência sem Fronteiras.
O ano de 2015 ainda viu o início do funcionamento do nosso novo sistema de gestão eletrônica, o SIG, em alguns setores da UFABC. Em 2016, esse sistema deve ser ampliado para mais setores para dar continuidade à desburocratização e modernizar a administração da UFABC. Em outra frente, o projeto CONVIVA resultou em propostas para espaços verdes e de convivência nos dois campi, que já começaram a ser implementadas e avançarão mais em 2016.
Vivemos em 2015 a mais longa greve da história da UFABC, durante a qual todos sentiram o quão importantes são os servidores técnico-administrativos para o bom funcionamento da Universidade. A Reitoria apoiou a reivindicação salarial nacional dos servidores enquanto manteve canais de diálogo abertos para negociar as reivindicações locais na mesa de negociação, sempre visando evitar prejuízos para as atividades essenciais da Universidade.
Um ponto alto de 2015 foi a sessão solene dos Conselhos Superiores na qual foram entregues os títulos honoríficos de Professor Emérito aos docentes Luis Alberto Peluso e Helio Waldman, de Professor Honoris Causa a Adalberto Fazzio e de Doutor Honoris Causa ao professor Luiz Bevilacqua.
Nos rankings nacionais e internacionais de pesquisa e de educação, a UFABC continua a consolidar-se como uma das melhores (e em diversos critérios e rankings como a melhor!) entre asuniversidades brasileiras. Entre as atividades universitárias nas quais a UFABC se destaca no cenário nacional, merecem atenção especial os "três I´s": Inovação, Internacionalização e Inclusão social. Vimos importantes avanços em cada um desses "I´s" em 2015 e trabalhamos para obter outros em 2016. O quarto "I", a Interdisciplinaridade, não é uma atividade, mas um princípio, que permeia toda a UFABC.
Certamente, 2016 será outro ano cheio de desafios e tão enriquecedor como foi 2015. O ano começou muito promissor com o início da vigência do Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, aprovado por unanimidade (mesmo nesses tempos de polarização política!) nas duas casas do Congresso Nacional. As perspectivas resultantes para a UFABC serão assunto do editorial de um dos primeiros Comunicares de 2016.
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