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CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES: sucesso e desafios na UFABC

Publicado: Quinta, 21 de Julho de 2011, 17h22

Dr. Luis Alberto Peluso
Professor Titular da UFABC

A implementação de estratégias de criação da Área de Ciências Sociais e Humanidades da UFABC foi um sucesso. É hoje um fato inegável que a UFABC tem, de forma irretorquível, uma Área de Ciências Sociais e de Humanidades implementada.

Em pouco mais de dois anos, obteve-se sucesso em criar um Bacharelado em Ciências e Humanidades BC&H, quatro Graduações inovadoras com os cursos de Bacharelado em Políticas Públicas, Bacharelado em Ciências Econômicas e Bacharelado e Licenciatura em Filosofia. Duas novas Graduações, a saber, Bacharelado em Relações Internacionais e Bacharelado em Planejamento e Gestão de Território que já estão sendo gestadas e seus Projetos Políticos Pedagógicos estão sendo elaborados por Comissões específicas. Temos já instituído um Núcleo de Ciência Tecnologia e Sociedade, o qual tem estimulado o surgimento e desenvolvimento dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Humanas e Sociais e do Programa de Planejamento e Gestão de Território. Temos, ainda um programa de pós-graduação, particularmente relevante por seu caráter interdisciplinar, no Programa de Pós-Graduação em Ensino, História e Filosofia da Ciência e Matemática.

Alguns grandes desafios foram vencidos. Entretanto, há sinais de que outros desafios estão por vir. Agora mesmo, nos deparamos com o problema inescapável aos programas incipientes, quando se faz necessário traduzir em ações concretas os ideais e desejos expressos na construção dos Projetos Políticos Pedagógicos dos diversos Cursos. Apesar de paradoxal é preciso perceber que grande parte do sucesso da Área de Ciências Sociais e Humanidades da UFABC está ainda no papel. Os projetos estão prontos, há agora que implementá-los. E essa passagem do papel para a realidade consiste em um refazer para o qual não se tem garantias explícitas de sucesso. A concretização dos projetos passa pela disponibilização de recursos. E recursos implicam em tomada de decisões por aqueles que tem o poder de decidir nas instituições. O que isto tudo parece significar é que, após a fase de organização intelectual, segue-se a necessidade de organização enquanto força política. Enfim, esse parece ser um primeiro grande desafio. A área de Ciências Sociais e Humanidades na UFABC não pode se eximir de atuações na esfera da política institucional. Grande parte do sucesso das empreitadas realizadas até agora, e descritas sucintamente aqui, somente foram possíveis porque tomamos as iniciativas no momento certo em que havia uma predisposição daqueles que detinham o poder de decidir em acolher as demandas e as justificações que lhes foram apresentadas. Para ter a visão privilegiada das propensões do poder e fazer o diagnóstico do momento certo da intervenção no sentido de implementar estratégias é preciso estar no jogo político e estar próximo do poder. A Área de Ciências Sociais e Humanidades há que fazer face, em algum momento próximo no futuro, ao desafio de institucionalizar os seus pleitos no confronto das forças políticas na UFABC.

A área de Ciências Sociais e Humanidades da UFABC vai bem. Receio, entretanto, que esse otimismo contenha os indícios de um outro grande desafio. Trata-se de administrar as expectativas e os desejos de crescer e desenvolver, que esse mesmo sentimento, de que tudo vai bem, estimula. É certo que implementamos cursos de Graduação e Pós-Graduação, especialmente, nas Ciências Sociais Aplicadas. Entretanto, no que concerne à Humanidades, temos somente duas graduações em Filosofia. Ficam faltando iniciativas nas Artes e na Literatura. Há indícios de que o modelo de institucionalização, até agora utilizado nos Cursos de Ciências Sociais da UFABC, quando aplicado às Humanidades, venha nos levar a reproduzir algo que pode ser considerado a grande limitação das formas como as grandes Universidades brasileiras tem interpretado o papel das Humanidades para a cultura das sociedades.

As Humanidades (Artes, Literatura e Filosofia) tem sido interpretadas como sendo área cujo único destino é fazer com que indivíduos formados nas Humanidades formem outros indivíduos nas Humanidades. Dito de uma forma exagerada, a área de Humanidades é uma área de replicantes. Nesse sentido, todos os esforços são postos no trabalho de se formar gente igual aos formadores. Nas Ciências, tanto Naturais como Sociais, há todo um esforço e se tem obtido muito sucesso, em se produzir gente, mas também patentes. E isto significa, preparar gente e produzir novas idéias e tecnologias. Isso já ocorre nas Ciências Sociais, com especial referência às aplicadas.

Entretanto, organizamos as intervenções institucionais na área de ensino e pesquisa nas Humanidades como se sua única finalidade fosse formar formadores, treinar treinadores, preparar gente que prepara gente para preparar gente. Assim fazendo, estamos nos afastando das Humanidades como instrumento de produção de objetos culturais (teorias e reflexões filosóficas, produção de manifestações artísticas, reconstrução literária do imaginário etc.).

E nesse sentido, as Humanidades acabam por adquirir um caráter ostensivamente pedagógico, dissociando-se de resultados que melhorem concretamente a vida das pessoas. Esse desafio somente poderá ser vencido se formos capazes de encontrar estratégias para desenvolver as Humanidades na UFABC, de forma a treinar pessoas para produzir, eventualmente, excelentes arte, literatura e filosofia.

Nesse sentido, coloco para reflexão algumas estratégias que poderão encaminhar formas de fazer face a alguns dos mais prementes desafios das Ciências Sociais e das Humanidades na UFABC.

Primeiro, trata-se de organizar politicamente as forças existentes dentro da própria Área e articulá-las com outras forças existentes e consolidadas dentro da Instituição. É o desafio da estruturação política.

Segundo, é preciso postergar a implantação de novas Graduações nas Áreas de Ciências Sociais Aplicadas e Humanidades até que se chegue a um estágio em que seja possível constatar o impacto que tiveram os projetos já implementados sobre os recursos disponíveis na própria Instituição. É o desafio de conter as expectativas.

E terceiro, é necessário identificar as forças internas e buscar ajuda externa para planejar o desenvolvimento de novas estratégias de criação de instrumentos de institucionalização de Núcleos de Excelência na Área de Humanidades (Filosofia, Artes e Literatura) na UFABC. É o desafio de manter uma agenda para o futuro e com ela administrar a esperança de que tudo vai dar certo.

 

 

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