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Transcrição do discurso do reitor Klaus Capelle durante transmissão simbólica do cargo

Publicado: Segunda, 17 de Fevereiro de 2014, 13h14

"Boa tarde a todos.

Cumprimento o professor Armando Milioni, representando neste ato o ministro Marco Antonio Raupp, ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, em nome do qual eu saúdo todos os membros da comunidade da ciência, tecnologia e inovação presentes.

Cumprimento o magnífico reitor, sempre reitor, professor doutor Helio Waldman, em nome do qual eu saúdo todos os reitores e diretores das instituições de ensino aqui presentes e toda a comunidade acadêmica.

Cumprimento o prefeito Donisete Braga, prefeito de Mauá, em nome do qual eu saúdo os prefeitos dos sete municípios do Grande ABC e todas as autoridades políticas presentes.

Agradeço a presença dos colegas professores e servidores técnico-administrativos, dos alunos e dos amigos e familiares na plateia. E agradeço as belíssimas apresentações do coro e do grupo de dança que tivemos o prazer de assistir.

Caros colegas da mesa, colendo Conselho Universitário, colendo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.

A UFABC está vivendo hoje sua primeira transição entre dois reitores eleitos. Trata-se de mais uma das muitas primeiras vezes que vivemos nos últimos anos. E haverá outras primeiras vezes ainda para a UFABC. A UFABC é uma universidade muito nova, com menos de oito anos de atividades, uma criança no cenário acadêmico. Mas é uma criança-prodígio, que, nos últimos anos, tem crescido muito. É natural que nessa fase ela se pergunte "qual será meu caminho na vida?". E nada melhor para responder a essa pergunta do que olhar para o que nós temos de mais próprio: nosso nome UFABC.

Vamos refletir um pouco sobre o que cada uma dessas letras significa. O ABC, por um lado, nos lembra dos primórdios do projeto pedagógico da UFABC, na Academia Brasileira de Ciências, cuja sigla é ABC.

Naturalmente, o ABC no nome da Universidade se refere à sua inserção na região do Grande ABC e não temos a sigla ABC no nome só para alguém localizar a Universidade no mapa. Não, nós temos o ABC no nome porque essa universidade tem um compromisso com a região do Grande ABC: o compromisso de contribuir com a educação e com o desenvolvimento dessa região na qual nós temos nossas raízes. Esse compromisso significa para nós fazer parcerias com outras instituições de ensino e com outras universidades da região. Fazer parcerias em inovação tecnológica com empresas da região e colaborar com as prefeituras, por exemplo, na formulação de políticas públicas. Colaborar com todos os segmentos da sociedade da região do Grande ABC. Enfim, realizar ensino, pesquisa, extensão e excelência no ABC, com o ABC e para o ABC. Isso significa, para nós, ter as letras ABC no nome.

Já a letra F, de Federal, indica a dimensão nacional da atuação da Universidade. Somos uma de apenas 63 universidades federais, sendo uma das mais novas e certamente com um dos mais inovadores e mais modernos projetos pedagógicos de qualquer universidade não só no país, mas também no mundo.

A UFABC, com esse inovador projeto pedagógico, tem tudo para se tornar referência nacional. Ela pode e deve se tornar referência nacional em todos os campos da sua atuação. E considerando a importância econômica, cultural e política do Brasil hoje, quem é referência nacional automaticamente também é referência internacional. De fato, como foi citado pelo reitor Waldman, a UFABC já está começando a se destacar em rankings nacionais e internacionais. Estamos a caminho de nos tornarmos referência nacional, e, portanto, também internacional. Isso é uma grande responsabilidade para toda a comunidade acadêmica, da qual nós estamos muito cientes nesse momento em que assumimos a reitoria da Universidade para os próximos quatro anos. Tudo isso a letra F significa para nós.

A letra U vem da palavra universidade, e ela coloca a Universidade Federal do ABC numa tradição milenar de instituições de ensino. Literalmente, o conceito universidade é um conceito milenar. Em que exato momento a sociedade humana começou a organizar sistematicamente o ensino, nós nunca vamos saber. Mas, como uma data simbólica, nós podemos citar a criação da Academia de Platão, no século IV a.C., na Grécia antiga. Literalmente, a universidade como instituição de ensino tem uma tradição milenar.

Mas a universidade, por mais que sua missão mais nobre e intrínseca seja e sempre será o ensino, não limita as suas atividades ao ensino. A universidade também pesquisa. A pesquisa beneficia o ensino e é beneficiada pelo ensino. De fato, sem pesquisar hoje, nós não teremos nada novo para ensinar amanhã. Também não tem como dizer exatamente quando se formou essa consciência na comunidade acadêmica e na sociedade humana. Mas uma data simbólica pode ser o começo do século XIX, com a reforma universitária de Humboldt, na Prússia, a partir da qual se concretizou o conceito da indissociabilidade entre ensino e pesquisa. Então, o reconhecimento da pesquisa como o segundo pilar da atuação universitária talvez não tenha milênios, mas pelo menos tem séculos.

A terceira missão fundamental da universidade moderna é a extensão. A extensão universitária é um conceito mais novo, apesar de universidades e instituições de ensino terem praticado atividades que podem ser caracterizadas como extensionistas por muito tempo. Mas o reconhecimento de que a universidade pode e deve se comunicar com a sociedade além da publicação de artigos científicos e além da formação dos alunos, que ela pode fazer parcerias com outros atores sociais, e que ela deve receber a sociedade dentro dos muros acadêmicos tenha talvez apenas algumas décadas. Esse reconhecimento ganhou força no século XX nos Estados Unidos, com o conceito de 'outreach´, traduzido para o português como extensão. Assim, esse terceiro pilar não tem milênios nem séculos, tem algumas décadas.

Os colegas cujas falas antecederam a minha hoje já apontaram para a inclusão social como outra importante atividade universitária. A UFABC, como todas as outras instituições de ensino, não existe num vácuo, mas está inserida na sociedade, com todas as suas injustiças e desequilíbrios. A universidade não tem como resolver todos os problemas da sociedade. Mas não podemos fingir que ensino, pesquisa e extensão automaticamente são oferecidos da mesma forma para todas as faixas e todas as camadas da sociedade. A universidade pode ajudar, incluindo as pessoas menos favorecidas, que tiveram menos oportunidades na vida, na universidade, para fazer com que esses possam participar dessa história medida em décadas, séculos e milênios que é a construção de universidades. O reconhecimento de que a inclusão social deve ser acrescentada como um quarto pilar da universidade moderna, porém, não tem nem décadas, tem alguns anos.

A UFABC herda toda essa tradição. Junto com nossas coirmãs, universidades e instituições de ensino superior, temos a missão de preservar essa herança medida em anos, décadas, séculos e milénios, mas também a missão de reinventar essa herança para o século XXI e não só para o século XXI, também para o século XXII! Os filhos dos nossos alunos de hoje viverão até o século XXII. Então, quando pensamos universidade hoje por mais que o século XXI tenha se iniciado há poucos anos nós já estamos pensando no século XXII.

Nesse cenário, nesse contexto milenar, os quatro anos que se iniciam agora são nada mais do que uma pequena nota de rodapé. Nós devemos ver esses quatro anos com muito realismo e muita humildade. Mas humildade não significa que não possamos sonhar e nosso sonho é uma universidade que faça jus a todas as letras do seu nome: UFABC.

Muito obrigado!"

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