As lentes de Fernando Faciole
Ouriço-cacheiro (Coendou spinosus) albino resgatado durante queimada no Parque Estadual do Juquery em 2021. (Fotos: Fernando Faciole)
Metodologia científica guia ex-aluno como fotógrafo da natureza.
Leões, guepardos e aves de rapina são apenas alguns exemplos dos modelos que posam para as lentes do fotógrafo Fernando Jara Faciole.
Aos 26 anos, Fernando trabalha com fotografia de conservação da vida selvagem. Suas imagens buscam evidenciar a importância da biodiversidade, pelo registro de queimadas e atropelamentos, entre outros.
Formado em Ciência & Tecnologia e em Ciências Biológicas pela UFABC, o fotorrepórter ressalta que desde o ingresso na vida acadêmica, em 2013, foi desafiado a explorar os papéis da ciência: “Isso fez com que me atentasse para os diferentes aspectos da vida natural e adquirisse a percepção de que todas as áreas estão interconectadas de uma maneira ou outra”.
Apesar de sempre ter sonhado em ser biólogo, durante a graduação seu plano era seguir carreira na Engenharia. Em 2015, quando participou do programa Ciências sem Fronteiras e morou na Austrália por um ano, enquanto estudava na University of Queensland (UQ), o sonho de infância tomou forma novamente: “Durante o intercâmbio conheci pessoas incríveis, que me incentivaram a mudar meu caminho e a seguir o que eu sempre acreditei ser minha paixão.”
A partir de então, a câmera passou de melhor amiga a parceira de estudos e trabalho. Entre os anos de 2019 e 2020, sob orientação da professora Fabiana Rodrigues Costa Nunes (UFABC), Fernando pôde estudar o comportamento de tatus-galinha (Dasypus novemcinctus) e viajar ao Pantanal mato-grossense para desenvolver seu TCC, familiarizando-se com o processo e rigor científicos.
Abutre de Ruppell (Gyps rueppellii) com dispositivo de rastreio.
Fernando Faciole em Masai Mara, Fernand Faciole em Masai Mara, no Quênia, região onde esteve por 30 dias documentando projetos de conservação. |
Foto: Arquivo pessoal |
“Atualmente, a metodologia dos projetos serve basicamente como um roteiro para que consiga planejar minha fotografia documental. Para que consiga ilustrar fielmente um projeto, busco coletar imagens de cada etapa do processo.”
Em 2021, Fernando documentou dois importantes acontecimentos no Brasil: as queimadas no Parque Estadual do Juquery e, posteriormente, a maior seca dos últimos 50 anos no Pantanal. Os projetos foram publicados na National Geographic Brasil e na BBC News Brasil, respectivamente. Em 2022, retornou ao Juquery para continuar a registrar a história sobre a regeneração do cerrado, e também esteve no Quênia, onde passou um mês fotografando diferentes iniciativas de conservação, entre elas um projeto com predadores (leões e guepardos) e aves de rapina.
Olhando para trás, o fotógrafo destaca que a formação interdisciplinar da UFABC, para além dos conhecimentos técnicos, estimulou-o a trabalhar as relações interpessoais: “A constante mudança de turmas ao longo da graduação pode não ser fácil, mas permitiu que eu saísse da zona de conforto e me relacionasse com diferentes pessoas, em diferentes ambientes. Essa habilidade é muito importante para que consiga me conectar a diferentes projetos e pessoas com as quais trabalho.” E conclui, focando na empatia: “A Universidade sempre me apresentou um ambiente extremamente inclusivo e isso foi transformador”.
Esta matéria é parte da Edição número 01, da Revista Comunicare UFABC.
Assessoria de Comunicação e Imprensa - ACI UFABC
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