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Comer carambola pode ser prejudicial à saúde?

Tendo como base o tema de 2016 da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) "Ciência Alimentando o Brasil", o UFABCiência e o Prof. Dr. Paulo de Avila Jr., coordenador do projeto de extensão “Bioquímica nos alimentos e introdução à educação alimentar”, lançam uma série de textos que relacionam conhecimentos científicos aos alimentos.

Este quarto texto valoriza a reflexão sobre o impacto não só da presença, mas das quantidades de algumas substâncias na avaliação nutricional de uma fruta.

Comer carambola pode ser prejudicial à saúde?

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Imagem: https://pixabay.com/pt/carambola-frutas-amarela-alimentos-1557438/ (Acesso em 31/08/16).

A carambola, cujo formato das fatias cortadas transversalmente lembra uma estrela, é uma fruta com baixo valor energético e rica em fibras, água, sais minerais, ácido oxálico e vitamina C. Na tabela 1 são apresentados valores aproximados relativos às informações nutricionais da carambola. No entanto, além das substâncias nutritivas, a carambola também apresenta duas substâncias que podem ser prejudiciais à saúde: a caramboxina (figura 1) e o ácido oxálico (figura 2). Vale ressaltar que a determinação da quantidade das substâncias é fundamental na avaliação da toxicidade, assim como do valor nutricional de um alimento. 

A caramboxina, toxina presente em pequena quantidade na carambola, tem estrutura química semelhante à fenilalanina (figura 3) - um aminoácido proteico, mas que não pode ser utilizado pelo organismo na síntese de proteínas. Ela é bastante solúvel em água e se uma pessoa sadia ingere carambola, a caramboxina é absorvida e, posteriormente, filtrada nos rins e eliminada através da urina. Mas em pacientes com problemas renais, ela não é filtrada e permanece na corrente sanguínea por mais tempo, podendo provocar crises de soluços, vômito, confusão mental, convulsões e até a morte.

Com isso, embora a carambola seja rica em diversos nutrientes e apresente baixa quantidade de açúcar, pessoas com problemas renais e/ou diabetes não devem consumí-la.

Em água, inclusive na fruta, o ácido oxálico sofre ionização, formando oxalato (figura 4) e íons H+. A carambola é rica em oxalato, o qual também não tem papel no organismo e é excretado através da urina. No entanto, nos rins, quanto maior for a quantidade de oxalato, maior será o risco de formação de oxalato de cálcio, também conhecido como cálculo renal ou pedras nos rins. A ingestão de grande quantidade de oxalato também pode provocar lesões renais e a formação de cálculo renal em indivíduos com função renal normal. Considerando que nem todo oxalato presente na alimentação é absorvido pelo organismo, a presença deste no bolo alimentar pode diminuir a absorção de cálcio da dieta, uma vez que possibilitará a formação do precipitado oxalato de cálcio no trato digestivo.

O ferro é outro mineral cuja absorção também é diminuída em presença de oxalato. Embora a presença de grande quantidade de vitamina C na fruta facilita a absorção de ferro pelo organismo, haverá maior interferência na absorção deste quanto maior for a presença de oxalato na alimentação.

Portanto, não é recomendada a ingestão de carambola também por pessoas com tendência de formação de cálculos renais, artite, reumatismo e/ou gota. E, ainda que não se saiba a quantidade máxima da fruta ou do suco a ser ingerido, seria recomendável um consumo moderado de carambola pelas pessoas sadias e sem histórico de problemas renais.

Tabela 1: Informações nutricionais da carambola.

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Referências

  • BENEVIDES, C.M.J., SOUZA, M.V., SOUZA, R.D.B., LOPES, M.V. Fatores antinutricionais em alimentos: revisão. Segurança Alimentar e Nutricional, v.18, n.2, p.67-79, 2015.
  • Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo. Tabela de Composição Química dos Alimentos. Disponível em: http:// www.dis.epm.br/servicos/nutri/public/ (acesso em 31/08/16).
  • MOYSES NETO, M. Carambola como causa de lesão renal aguda. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v.36, n.2, p.118-120, 2014.
    Substância tóxica da carambola pode causar insuficiência renal, diz USP. G1 Ribeirão e Franca. Disponível em: http://g1.globo.com/ sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2013/12/substancia-toxica-da-carambola-pode-causar-insuficiencia-renal-diz-usp.html (acesso em 31/08/16).

Perfil

Isaque da Silva

Bacharel em Ciência e Tecnologia e Licenciando em Química pela Universidade Federal do ABC (UFABC). Técnico em Química. Aluno bolsista do PIBID/UFABC na área de Licenciatura em Química sob coordenação do Prof. Dr. Paulo de Avila Jr.

Perfil

Prof. Dr. Paulo de Avila Junior (CCNH)

Licenciado e Bacharel em Química, Doutor em Ciências, área Bioquímica, com ênfase em educação científica, todos pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo. Coordena um subprojeto do PIBID/UFABC na área de Licenciatura em Química e o projeto de extensão “Bioquímica nos alimentos e introdução à educação alimentar”.

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