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LUZ NA FAVELA: A complexidade no processo de regularização da energia elétrica na favela Bougival, em Santo André – SP

A energia elétrica, recurso que para muitos está facilmente à disposição no ligar e desligar de um interruptor, é motivo de luta para outros. Nos grandes centros urbanos, onde a eletricidade tornou-se indispensável, a população das favelas ainda convive com a desigualdade e pobreza energéticas, em um cenário composto por postes deteriorados, pouca ou nenhuma iluminação pública, ligações irregulares (gatos), queima frequente de aparelhos domésticos e o constante risco de incêndios.

A fim de reduzir prejuízos financeiros e energéticos, e também garantir maior segurança, as empresas de energia aplicam ações para expandir e regularizar o abastecimento e uso da energia em áreas urbanas consideradas de baixa renda. Desta forma, a pesquisa teve como objetivo principal compreender o processo de regularização da eletricidade realizada em favelas, através do acompanhamento de todas as suas fases de implementação. Como objeto de estudo, foi escolhida a ação realizada na favela Bougival, localizada no município de Santo André, em área de responsabilidade da AES Eletropaulo.

A visão do filósofo e sociólogo Edgar Morin foi utilizada como base teórica para analisar a regularização da favela Bougival dentro de um pensamento integrado, que une os diversos fios e conexões desta problemática, dialogando com incertezas, desordens, causas e efeitos que a nova eletricidade pode gerar na vida destes moradores. Propôs-se como hipótese central para a pesquisa o fato de que a regularização e eletrificação de favelas, quando realizada somente sob o ponto de vista técnico, não induz à superação da pobreza energética e pode ocasionar a inserção de novos problemas socioeconômicos no dia a dia da população.

Três etapas metodológicas foram essenciais para a tese: a) a observação e documentação de todas as etapas do processo de regularização, desde o reconhecimento e primeiro contato da empresa com a localidade, passando pelo cadastramento de moradores, o corte definitivo das ligações irregulares, a instalação de medidores, até a chegada das tarifas de energia; b) a realização de entrevistas com moradores da favela e outros personagens relevantes, que puderam compartilhar suas histórias, anseios e opiniões e, c) a aplicação de questionários para 50 famílias da Bougival, ampliando e enriquecendo os dados coletados.

Em síntese, destacaram-se como resultados positivos a melhoria no uso de equipamentos e eletrodomésticos, maior segurança com novos postes e nova fiação e o recebimento da tarifa mensal, utilizada como um comprovante de residência. Como pontos negativos, observou-se a dificuldade no pagamento da conta de energia após a regularização, a ausência de acompanhamento e orientação aos novos consumidores e, contrapondo-se à visão complexa de Morin, o caráter técnico e unidirecional da ação, que quantifica a população e dificulta sua participação durante todo o processo.

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Orientador: Cláudio Luis de Camargo Penteado
Co-orientador: Federico Bernardino Morante Trigoso

Anna Carolina Pires Fournier

Perfil

Anna Carolina Pires Fournier

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade do Grande ABC (2007). Mestre em Energia pela Universidade Federal do ABC (2009), continuou sua formação na mesma instituição, obtendo o grau de doutora em Energia no ano de 2014.

Registrado em: Pesquisas de Egressos
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