O legado patrimonial da estrada de ferro Sorocabana em Itapetininga

Igor Matheus Santana Chaves, egresso do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão do Território da UFABC, pesquisou, durante o mestrado, a respeito do legado patrimonial da estrada de ferro Sorocabana, situada em Itapetininga, no Estado de São Paulo.

Um de seus principais objetivos era estudar o patrimônio ferroviário da cidade, identificando a influência da estrada de ferro no desenvolvimento do município, de modo a explicitar a relação da ferrovia com esse território. Além disso, a pesquisa buscou identificar elementos materiais remanescentes desse ciclo ferroviário, para oferecer subsídios à construção de uma política de preservação do patrimônio cultural da cidade.

Segundo o egresso, alguns dos principais resultados de sua pesquisa foram: o mapeamento e o georreferenciamento do legado; a construção de um mapa que relaciona a expansão urbana com a ferrovia; um livro e um documentário sobre o tema.

Além de mestre em Planejamento e Gestão do Território pela UFABC, Igor é doutorando no mesmo curso (em cotutela com a Universidade de Lisboa), e graduado em Arquitetura e Urbanismo. Atualmente, atua como pesquisador e professor.

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Dados | Egresso

Nome completo 
Igor Matheus Santana Chaves 

Formação acadêmica (cursos e instituições) 
∙ Doutorado em Planejamento e Gestão do Território | Universidade Federal do ABC / Universidade de Lisboa (cotutela) (desde 2020); 
∙ Mestrado em Planejamento e Gestão do Território | Universidade Federal do ABC (2019);
∙ Graduação em Arquitetura e Urbanismo | Universidade de Sorocaba (2016). 

Profissão / experiência profissional 
Pesquisador e professor; experiência em cultura e turismo; membro do Conselho Consultivo da Região Metropolitana de Sorocaba. 

Programa de pós-graduação e curso (mestrado ou doutorado) concluído na UFABC 
Mestrado em Planejamento e Gestão do Território. 

Como sua trajetória neste curso de pós-graduação na UFABC contribuiu para sua formação? 
Ele expandiu meus horizontes teóricos e profissionais, fornecendo-me habilidades para desenvolver minha pesquisa, que relaciona as ferrovias com o desenvolvimento urbano. Além disso, possibilitou-me trabalhar com planejamento em várias cidades no interior do Estado de São Paulo, bem como participar de projetos de pesquisa e redes nacionais e internacionais.


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Dados | Dissertação 

Título
O legado patrimonial da estrada de ferro Sorocabana em Itapetininga-SP 

Data da defesa
19 de outubro de 2019 

Nome da orientadora
Prof. Dra. Silvia Helena Facciolla Passarelli 

Linha de pesquisa
Dinâmicas territoriais 

Link para a dissertação 


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Questões | Pesquisa 

Qual o tema da sua pesquisa e por que o escolheu? 
Minha pesquisa abordou o tema do patrimônio industrial, com foco na ferrovia. Escolhi esse tema devido à minha experiência de crescer em uma cidade onde vários edifícios, ao longo da linha férrea, estão em estado de arruinamento. Apesar de meus esforços para descobrir sua história, foi somente na universidade que soube que esses edifícios faziam parte de um conjunto ferroviário estabelecido no município. Durante a graduação, iniciei uma pesquisa preliminar sobre o assunto, mas foi apenas durante o mestrado que consegui desenvolver uma investigação mais aprofundada, explorando a relação entre a ferrovia, a construção e o desenvolvimento do município e da região. 

Quais eram seus objetivos (gerais e específicos)?
A pesquisa se propôs a estudar o patrimônio ferroviário da cidade, identificando a influência da estrada de ferro Sorocabana no desenvolvimento ‘intraurbano’ de Itapetininga, de forma a explicitar a relação da ferrovia com esse território. Ao mesmo tempo, a pesquisa buscou identificar elementos materiais remanescentes desse ciclo ferroviário, de modo a oferecer subsídios para a construção de uma política de preservação do patrimônio cultural da cidade. 

Como foi sua realização (materiais e métodos, metodologia, corpus etc.)?
Para resolver os problemas desta pesquisa, a investigação utilizou a abordagem metodológica qualitativa, percorrendo áreas do conhecimento das ciências sociais aplicadas e humanas. Como procedimentos, utilizou a pesquisa bibliográfica, análise documental e pesquisa de campo, fazendo correlações dos dados levantados no tempo e no espaço.
Segundo Deslauries (apud POUPART et al., 2012, p. 30), na pesquisa qualitativa “o pesquisador localiza no tempo e no espaço os momentos em que as estratégias dos atores se evidenciam conjuntamente, e também reúne as perspectivas até então manifestadas enquanto intenções individuais”. Esse tipo de abordagem possui maior versatilidade, pois permite se ocupar de objetos complexos e relativos a temporalidades passadas, presentes e futuras; e por garantir diversas formas de engendrar técnicas de coleta e análise de dados, em conjunto com outros fragmentos de vários aspectos sociais inerentes às experiências e às culturas. Por isso, o espaço temporal da pesquisa enquadrou-se no passado-presente, iniciado desde o último decênio do século XIX (quando a ferrovia chegou à cidade) até os dias atuais.
A partir dessas considerações, a dissertação foi organizada em três capítulos:
Capítulo 1 - ‘O trem de ferro’. O objetivo era apresentar e contextualizar a formação das estradas de ferro no Brasil por meio de revisão bibliográfica, ao olhar o Estado de São Paulo, com ênfase na estrada de ferro Sorocabana, responsável pela implantação do ramal que atingiu a região de Itapetininga, de modo a observar os processos interurbanos, como a formação das redes no interior do Estado e as posteriores relações com o modal rodoviário e a consolidação das indústrias, responsáveis pelo atual território. Entendeu-se que esse panorama histórico forneceria subsídios para o entendimento da escala interurbana e regional, para atingir parte dos objetivos da pesquisa.
Capítulo 2 - ‘O trem na cidade’. A dissertação dedicou-se ao legado da construção intraurbana de Itapetininga, por meio da história da estrada de ferro Sorocabana e do ramal de Itararé. A metodologia pautou-se na análise de documentos textuais, fotografias, mapas e livros dos acervos históricos do município, para descrever o processo de expansão urbana da cidade e sua relação com a ferrovia. Entendeu-se que esse processo promoveria os subsídios necessários para compreender o papel da ferrovia na formação da cidade.
Capítulo 3 - ‘A cidade do trem’. Discorreu sobre os remanescentes da presença da ferrovia na cidade, na perspectiva de um processo de valorização do legado. Iniciou-se analisando como a gestão municipal relaciona-se com a presença da ferrovia e qual importância dá à sua presença na cidade, por meio da análise dos Planos Diretores (1973, 1992, 2007 e 2015), do Plano de Políticas Culturais (2016), do Plano de Turismo (2018), do Plano de Mobilidade Urbana de Itapetininga (2019) e dos contratos de Concessão (2010) e de Convênios (2012). Em seguida, promoveu o mapeamento e a identificação dos bens móveis e imóveis referentes à memória ferroviária na cidade de Itapetininga.
A síntese desses caminhos apontados pelos capítulos encerrou-se em ‘Caminhos possíveis - Considerações finais’, que se iniciou por uma breve reflexão sobre o legado ferroviário em Itapetininga e sua importância na memória urbana da cidade, e encerrou-se apontando para as possibilidades de novos estudos a partir deste trabalho. 

Quais foram os desafios enfrentados?
A escassez de documentos sobre o tema na cidade, além de o acervo ferroviário – estadual e nacional – estar há décadas perdido e espalhado. 

Quais foram os principais resultados alcançados?
O mapeamento do legado (material e imaterial); a construção de um mapa que relaciona a expansão urbana com a ferrovia; o georreferenciamento de todo o legado; e o desenvolvimento de um livro – o primeiro – sobre o tema no município, além de um documentário. 

Descreva, resumidamente, a importância acadêmica e social de sua pesquisa, isto é, sua contribuição para o universo científico e o cotidiano das pessoas.
Do ponto de vista acadêmico, minha pesquisa incorporou métodos distintos para alcançar seu objetivo, utilizando abordagens que vão desde as ciências sociais até as ciências exatas. Além disso, abordou um tema pouco explorado na escola de planejamento urbano e regional, que até então concentra-se na escola de arquitetura. Assim, do ponto de vista do planejamento, conseguimos abranger discussões como as relações de poder, elites locais, coronelismo, a própria construção de políticas públicas e como isso afetou e afeta as ferrovias (em toda a nação). Em termos sociais, acredito que o cerne da minha pesquisa gira em torno de possibilitar às gerações da cidade e da região uma compreensão do papel fundamental da ferrovia para o que foi e é hoje. Também considero que a pesquisa estabeleceu uma base inicial para que outros pesquisadores e estudantes tenham acesso ao conhecimento que levei tantos anos para adquirir. Em suma, esta pesquisa representa um ponto de partida significativo. 


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Mapa da expansão urbana de Itapetininga, com destaque para a linha férrea 

Fonte: Elaboração do autor.

O ramal de Itararé

Fonte: Inauguração do Ramal de Itararé - EFS, pg. 07. Acervo do Centro Cultural Brasílio Aires de Aguirre, Itapetininga-SP.

Mapa do legado patrimonial da estrada de ferro Sorocabana em Itapetininga

Fonte: Elaboração do autor.

Estrutura da pesquisa

Fonte: Elaboração do autor.

Estação de Itapetininga - 19??

Fonte: Acervo APESP - Estrada de Ferro Sorocabana. Digitalizado por Igor Chaves, disponibilizado em 2019.