Enfrentamento do discurso anticiência deve ocorrer no campo institucional
A postura da comunidade acadêmica ante a disseminação, cada vez maior, de posições com questionamentos da validade de informações científicas dominou os debates na mesa "Divulgação científica e docência universitária". O encontro virtual teve mediação da professora da UFABC Luciana Palharini e apresentações dos professores Pedro Autreto também da UFABC, Tatiana Roque da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Wagner Romão da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Durante a sessão, um dos relatos foi de que a proliferação desse tipo de discordância começou a ganhar força nos anos de 1990, como estratégia para desacreditar as evidências científicas de que atividades humanas vinham desencadeando um processo de aquecimento global.
A percepção comum foi a de que as ideias chamadas "negacionistas" têm provocado embates públicos em diversas áreas de conhecimento, com questões e teorias que se baseiam mais na dúvida do que em bases metodológicas e na análise de resultados. Um dos problemas levantados foi a eficácia ou não da comunidade científica se deixar pautar e se submeter a rediscussões sem objetivo propositivo e, aparentemente, disseminadas a fim de estabelecer o confronto pelo confronto e confundir a sociedade. Outra consequência lembrada dessa "disputa" está relacionada às dificuldades impostas àqueles que mantêm iniciativas de divulgação e esclarecimento sobre a ciência, e que se tornaram vítimas de ataques e perseguição nas redes.
Mesmo com as dificuldades atuais, os debatedores apontaram para a necessidade de o tema ciência estar mais presente nos espaços públicos, mostrando, sobretudo, que o fazer acadêmico tem como princípio elementar a defesa da democracia e o avanço social. Também houve consenso de que ações dessa natureza devem ocorrer com caráter institucional, especialmente por meio de canal específico de divulgação, dentro das políticas de extensão. Uma alternativa citada foi o reforço da importância social da ciência junto às comunidades internas, que têm os alunos como público e potencial ator de disseminação dos valores e práticas da ciência.
Acompanhe o vídeo com a íntegra da sessão:
Assessoria de Comunicação e Imprensa
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