Estudo sobre presença do vírus da Covid em córregos reforça urgência em políticas de urbanização e saneamento
O objetivo da pesquisa foi identificar se córregos que drenam regiões urbanizadas sem saneamento adequado são propensos a receber cargas maiores de SARS-CoV-2 detectável em suas águas. O trabalho contou com amostras de 45 riachos de cabeceira distribuídos em um gradiente (0 a 100%) de urbanização na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). As análises ocorreram entre julho a setembro de 2021 e também consideraram a relação entre a detecção do patógeno com variáveis sanitárias e sociais.
Mais de 50% dos córregos estudados apresentaram fragmentos do vírus causador do Covid-19, invariavelmente em localizações próximas a residências e assentamentos precários. As maiores concentrações estavam em áreas com porcentagem moderada de urbanização, aproximadamente 60%, possivelmente em razão da deficiência do sistema de esgoto em locais com urbanização em crescimento e não planejada. Os índices aferidos foram similares aos encontrados nos sistemas de tratamento de esgoto, indicando lançamento direto de dejetos sanitários nos córregos e destacando a necessidade de melhorias na coleta e tratamento de esgoto na RMSP.
A pesquisa envolve também dados de qualidade das águas, presença de fármacos (enfoque em antidepressivos) e potencial mutagênico. Essa frente dos estudos continua em fase de análise e redação.
Os trabalhos contam com coordenação dos professores Ricardo Taniwaki e Rodrigo Bueno da Universidade Federal do ABC (UFABC) e Luís Schiesari da Universidade de São Paulo (USP), além da participação de diversos pesquisadores dessas instituições. O financiamento tem suporte em recursos próprios e oriundos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Assessoria de Comunicação e Imprensa
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