Pesquisa integrada revela novo rumo no estudo de raios cósmicos
Professor da UFABC integra o grupo de cientistas autores da descoberta
Os raios cósmicos ultra-energéticos, partículas raras que se movimentam
no espaço com velocidade próxima à da luz, podem ser gerados nos
núcleos ativos de galáxias vizinhas à Via Láctea. Esses eventos contêm
as partículas mais carregadas de energia conhecidas pela ciência. As
novas conclusões sobre a origem desses fenômenos foram feitas pelo
grupo de cientistas do Observatório Pierre Auger, na Argentina.
A descoberta foi publicada em novembro pela revista americana Science e classificada por diversas publicações científicas como uma das
realizações mais importantes da ciência neste início de século.
Segundo o estudo, as fontes dos raios cósmicos ultra-energéticos estão
distribuídas pelo céu e seriam galáxias com um grande buraco-negro no núcleo, ou seja, dotadas dos chamados Núcleos Ativos, como a Centaurus A.
Cientistas de diversas universidades brasileiras, incluindo a UFABC,
com o professor Marcelo Augusto Leigui de Oliveira, participam da
pesquisa. O trabalho é financiado por instituições de apoio de todo o
mundo. Do Brasil há contribuição do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudo
e Projetos (FINEP), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de
Janeiro (Faperj), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp) e o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).
Pesquisa Comunitária
Os 370 cientistas de 16 países, além do Brasil, envolvidos nas
pesquisas do observatório Auger se dividem nos diversos segmentos e
processos que compõem o observatório. As instalações e equipamentos se
espalham no oeste argentino em uma área de 3 mil km2.
Boa
parte do trabalho do professor da UFABC, Marcelo Leigui, se concentrou
na produção das lentes corretoras dos 24 telescópios de fluorescência,
que operam agrupados em quatro pontos limítrofes do complexo. Ele conta
que ficou responsável pelo acompanhamento do processo de fabricação,
testes e instalação das lentes - fabricadas no interior de São Paulo -
que formam um anel em frente ao conjunto especular de cada um dos
telescópios.
Para ele, a participação brasileira no estudo do
observatório Auger insere o País na vanguarda da pesquisa mundial em
Física. “A origem dos raios cósmicos de alta energia sempre foi objeto
de importantes teorias da astrofísica. Agora, as conclusões iniciais do
trabalho recém publicado na Science representam um passo
importante na solução desse mistério, pois descartam boa parte das
teses existentes e revelam um caminho mais seguro para novos estudos” –
afirma o professor.
Estudos Continuam
Marcelo Leigui afirma que, a partir dos dados físicos coletados na
Argentina, começa o trabalho de análise estatística para responder às
questões que cercam a emissão dos raios de alta energia. Segundo ele,
um novo observatório será construído nos Estados Unidos e à medida que
novas direções do céu são observadas aumenta o volume de informações
que precisam de análise.
Na UFABC, o professo Marcelo conta
que três alunos de iniciação científica e dois de mestrado, sob a
orientação dele, já estão envolvidos em atividades relacionados ao
estudo do grupo de cientistas do projeto Auger. “Meu objetivo também é
preparar novos pesquisadores para dar continuidade a esse estudo.”
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Texto alterado em 26/11/2007
Assessoria de Comunicação e Imprensa
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