Primeiras teses de doutorado em regime de cotutela são defendidas na UFABC
As primeiras defesas de tese de doutorado em regime de cotutela da UFABC foram realizadas em 16 de setembro de 2019. As estudantes Érika Cristina dos Santos e Kelly Annes foram orientadas pela professora Marcella Pecora Milazzotto, do programa de Biotecnociências da UFABC, e pela professora Bianca Gasparrini, do programa de Ciências Veterinárias da Università Degli Studi di Napoli Federico II, na Itália.
Em vigor desde 2016, uma portaria conjunta da Assessoria de Relações Internacionais e da Pró-Reitoria de Pós-Graduação (Boletim de Serviço 549, p. 39) define os procedimentos da dupla titulação nos cursos de pós-graduação da UFABC. A obtenção simultânea dos diplomas é possível por meio de acordos de cotutela de tese que permitem aos estudantes desenvolverem pesquisas em dois países, com metade da duração do curso em um programa da UFABC e a outra metade em um país estrangeiro, sob a responsabilidade de um orientador em cada país.
Em entrevista concedida em 18 e 22 de outubro, Érika e Kelly afirmam que os trâmites administrativos para acesso a essa modalidade de doutorado foram rápidos: contaram com o auxílio dos servidores da Assessoria de Relações Internacionais ao longo de todo o processo. Para elas, foi mais difícil a adaptação em um país culturalmente diferente que os desafios burocráticos e acadêmicos enfrentados.
Érika foi a primeira participante do projeto, partindo para Nápoli em março de 2017. “É uma oportunidade incrível, a UFABC é uma universidade nova, mas com extremo potencial. Isto me encanta: a proposta interdisciplinar, aberta e receptiva para colaborações internacionais. Para mim foi uma honra ter sido a pioneira nesse tipo de acordo”, conta a participante que defendeu sua tese sobre respostas embrionárias.
Já Kelly iniciou suas pesquisas na Itália em março de 2018. Ela teve de defender duas teses dentro da mesma temática, pois seus estudos sobre metabolismo lipídico embrionário apresentaram variações ao tratar de animais de diferentes raças em ambos os países. Sobre estudar fora, ela diz que se trata de “experiência que vale a pena por mil motivos: para a vida pessoal, principalmente, e para a profissional, pois você sai da sua zona de conforto e vê como são outras realidades, adapta-se a outras situações. É fundamental”.
Esse tipo de cooperação também traz benefícios para as duas Universidades envolvidas, pois o nome delas é veiculado internacionalmente. Isso permite o estreitamento de laços entre os pesquisadores para interações futuras. Além disso, a visibilidade da pesquisa quando publicada em coautoria internacional é maior que aquela publicada individualmente ou com pares nacionais.
Para os participantes, a cotutela propicia a possibilidade de trabalhar em um ambiente de pesquisa internacional e permite o desenvolvimento de uma formação intercultural aos doutorandos. “Não é apenas um trabalho, não é apenas a tese, não é apenas o artigo. São todas essas conexões. Isso é abertura para novas oportunidades”, afirma Érika. “É um exercício de paciência, de tolerância, de observação, você amadurece e aprende a respeitar outras culturas”, complementa Kelly.
O incentivo ao estabelecimento e à execução de acordos de cotutela de tese é uma estratégia apontada pela UFABC em seu Plano Institucional de Internacionalização 2018-2023. Além da Università Degli Studi di Napoli Federico II (Itália), a Universidade tem doutorandos desenvolvendo teses nessa modalidade na Universidad de Alcalá (Espanha), Université Grenoble Alpes, Université Paris 8 e Université de Rennes (França). Encontra-se também em fase de tramitação um acordo com o Instituto de Educação da Universidade do Minho (Portugal).
Letícia Gouveia
Assessoria de Comunicação e Imprensa
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