Quarta avaliação da situação epidemiológica e as atividades da UFABC
Dados atualizados até 19 de novembro para média móvel de casos e óbitos e até 11 de novembro para casos graves e cálculo de Rt.
Avaliamos a situação epidemiológica dos municípios de onde provém a comunidade da UFABC, a partir de uma série de indicadores apresentados abaixo, e explicados em detalhe na nota técnica que acompanhou a primeira edição deste Boletim.
Os dados das últimas semanas ainda apontam para a manutenção de um patamar elevado de incidência: tanto casos totais, casos hospitalizados, e óbitos seguem em valores próximos aos das semanas anteriores, com tendência a aumento. Importante ressaltar que durante o mês de novembro houve um período de ausência de dados devido a problemas técnicos nas plataformas governamentais responsáveis pela notificação da COVID-19. Portanto, o cálculo do número reprodutivo efetivo (Rt) só pôde ser feito até o dia 11 de novembro de 2020. O mesmo ocorreu com o número de casos graves de SARS-CoV-2, contados pelo número de internações em cada município.
Na maioria dos municípios da região, até o dia 11 de novembro de 2020, o número reprodutivo efetivo (Rt) foi compatível com 1, ou seja, cada pessoa infectada gera uma nova infecção, o que é consistente com esse cenário. Alguns municípios apresentaram grandes variações (de 0,5 a 2,0), não havendo um padrão evidente.
A incidência ponderada aponta para uma fração de casos ativos na população que engloba a comunidade na faixa de 0,2 a 0,9% da população, o que indica alto risco de contágio em situações de aglomeração.
Nessas condições, a recomendação é manter o distanciamento físico e a manutenção da suspensão de atividades presenciais na UFABC.
A situação atual corresponde à "Fase zero” do Plano de retomada gradual das atividades presenciais na UFABC.
Confira, abaixo, os gráficos demonstrativos da situação epidemiológica na região e, em seguida, atualização sobre a situação de ocupação do Hospital de Campanha instalado na UFABC.
Fig. 1. A incidência quinzenal de casos graves de COVID-19 ponderada pela composição da comunidade da UFABC dá uma ideia da probabilidade de uma pessoa da comunidade estar transmitindo a doença. A curva é plotada usando casos hospitalizados acumulados por 15 dias, dividido pela população total. Sabe-se que a incidência total (não só de hospitalizados) é da ordem de 30 a 40 vezes o valor mostrado (a partir de totais de casos aferidos por inquéritos sorológicos no município de São Paulo). Assim, se o índice de risco na escala acima é 2, espera-se que, para cada 1000 pessoas no campus, 7 podem estar contaminadas (0,7%) (as barras de erro vêm da incerteza do nowcasting, que busca compensar o atraso de notificação nas bases de dados. Nossa melhor estimativa é, então, que a fração de pessoas infecciosas na população se encontra numa faixa de 0,2 a 0,9%).
Fig. 2. O número de reprodução efetivo da epidemia (Rt) representa o número de novos indivíduos infectados a partir de cada infecção, e é uma medida de aceleração da epidemia: se Rt for maior que 1, a epidemia se expande, se for menor que 1, os casos devem cair. Essa progressão é geométrica, então mesmo diferenças de 0.1 levam a diferenças grandes no número de casos após um mês. A incerteza depende tanto do número absoluto de casos (por isso é, por exemplo, menor em São Paulo), quanto da incerteza do nowcasting do número de casos, logo tende a ser grande no fim da série, o que põe em evidência as limitações do nosso conhecimento da trajetória atual da epidemia a partir dos dados disponíveis.
Fonte: Observatório Covid-19 BR, com dados da base SIVEP-Gripe de 2020-11-11.
Fig. 3. Incidência diária dos casos de SARS-CoV-2, demonstrada por pontos (círculo cinza), média móvel de sete dias (vermelho) e regressão local LOESS (azul), a partir do primeiro caso notificado à Secretaria de Estado da Saúde, em cada um dos municípios. Para que a flexibilização do isolamento físico possa ser iniciada de forma segura, considerando o ciclo e velocidade de transmissão do SARS-CoV-2, a incidência do número de casos diários deve diminuir por trinta dias consecutivos. A grande variação diária na notificação dos casos, principalmente aos finais de semana, é corrigida no cálculo da média móvel de sete dias. A regressão local permite observar a tendência de diminuição ou aumento da incidência ao longo do tempo enquanto que a observação da média móvel revela os valores de queda em números absolutos diários. Portanto, a queda da incidência por trinta dias consecutivos deve ser observada nos números da média móvel de sete dias e em nenhuma das cidades que compõem a comunidade UFABC, o período de 30 dias de queda constante na incidência ocorreu. Observa-se na última semana de notificação um aumento no número de casos na maioria das cidades que compõem a comunidade.
Fonte: Dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo de 25/02/2020 a 19/11/2020, compilados pelo brasil.io, por data de notificação.
Fig. 4. Incidência diária dos óbitos decorrentes de infecção por SARS-CoV-2, demonstrada por pontos (círculo cinza), média móvel de sete dias (vermelho) e regressão local LOESS (azul), a partir do primeiro óbito notificado à Secretaria de Estado da Saúde, em cada um dos municípios. A observação do número de óbitos diários calculado pela média móvel de 7 dias registrados para cada município acompanha de certa forma as curvas de incidência descritas na figura 3. A relação entre a incidência de óbitos e de casos notificados pode auxiliar na observação da taxa de letalidade da doença na população. Uma diminuição dessa taxa poderia ser um reflexo de maior sucesso no tratamento dos doentes por parte das equipes médicas. Entretanto, é importante ressaltar que para que esse cálculo seja realizado é necessário conhecer o número total de casos por diagnóstico em massa ou por inferência a partir de inquéritos sorológicos. Estes dados não estão disponíveis para a grande maioria dos municípios que fazem parte da comunidade UFABC.
Fonte: dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo de 25-02-2020 a 19-11-2020, compilados pelo brasil.io, por data de notificação.
Fig. 5. Número de novos casos hospitalizados (incidência de casos graves) confirmados com COVID-19, por dia de primeiro sintoma dos casos notificados, corrigido por nowcasting (pontos em vermelho) para os municípios de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, Mauá, São Caetano do Sul, Diadema, Guarulhos, Osasco, e Santos. As barras de erro correspondem à incerteza do nowcasting; a figura 1 é obtida a partir desses gráficos.
Fonte: Observatório Covid-19 BR, com dados da base SIVEP-Gripe de 2020-11-11.
Fig. 6. Número acumulado de casos de SARS-CoV-2 ao longo do tempo, a partir do primeiro caso notificado por município. A observação do número de casos diários notificados de SARS-CoV-2 acumulados ao longo do tempo permite acompanhar a evolução da epidemia. Enquanto a curva de casos diários acumulados estiver ascendente podemos afirmar que a transmissão do vírus continua ocorrendo na população. Quando essa curva atingir um platô por um período superior a trinta dias é possível afirmar que a epidemia está controlada e portanto, a transmissão do vírus é praticamente nula, com zero ocorrência de casos novos.
Fonte: dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo de 25-02-2020 a 19-11-2020, compilados pelo brasil.io, por data de notificação
Fig. 7. Número acumulado de óbitos decorrentes de infecção por SARS-CoV-2 ao longo do tempo, a partir do primeiro óbito notificado por município. Os casos letais de COVID-19 ocorrem de modo geral, 10 a 35 dias após a infecção pelo vírus. O número de óbitos acumulados permite acompanhar a letalidade causada pelo SARS-CoV-2 quando comparado ao número de casos novos diários. Este parâmetro pode indicar controle da epidemia quando a curva resultante atingir um platô (zero óbitos novos diários) por mais de 30 dias, após permanência do platô da curva de casos novos acumulados, descrita na figura 6, também por 30 dias.
Fonte: dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo de 25-02-2020 a 19-11-2020, compilados pelo brasil.io, por data de notificação
Informações de ocupação do Hospital de Campanha da UFABC
Total de Leitos Ocupados |
04 |
UTI |
0 |
Enfermaria |
04 |
Taxa de Ocupação Geral |
4% |
Fonte: Prefeitura Municipal de Santo André
atualização em 21/11/2020
Boletim produzido pelo Núcleo de Monitoramento e Testagem do Comitê de Planejamento e Ações de Gestão Referente ao Coronavírus
(Portaria 797/2020 - REIT)
• Engenheiro de segurança do trabalho Diego Marin Fermino
• Profa. Fernanda Almeida
• Profa. Márcia Sperança
• Prof. Rodrigo Bueno
• Prof. Renato Coutinho
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