Sétimo Boletim Epidemiológico da pandemia permanece indicando altos riscos de contágio da doença em situações de aglomeração
A avaliação indica pela manutenção da fase 0 do plano de retomada gradual das atividades presenciais da UFABC.
Nesta sexta-feira (15/01), o Núcleo de Monitoramento e Testagem do Comitê de Planejamento e Ações de Gestão Referente ao Coronavírus da UFABC, divulgou nova análise técnica sobre a situação epidemiológica dos municípios localizados na região metropolitana de São Paulo.
Após a queda durante as duas semanas de Natal e Ano Novo, os dados e gráficos, atualizados até o dia 13 de janeiro e apresentados de forma detalhada no 7º Boletim, mostram forte alta nos casos de internações e hospitalizações em decorrência da Covid-19. Em relação aos números de casos totais e de óbitos, a análise aponta aumento na maior parte dos municípios analisados.
A taxa atual de ocupação do Hospital de Campanha instalado no campus da UFABC em Santo André é de 33%. Em decorrência do recente aumento de leitos disponíveis (de 100 para 190), o Boletim demonstra que, apesar de percentualmente menor, quantitativamente, os números atuais indicam maior incidência de ocupação (62 leitos ocupados, sendo 6 UTI).
A análise apresentada pelos pesquisadores reitera a necessidade de manutenção da fase 0 do plano de retomada gradual das atividades presenciais da UFABC, que determina pela suspensão das atividades presenciais na Universidade.
Confira, a seguir, os dados e informações técnicas na íntegra apresentados na sétima avaliação elaborada pelo Núcleo de Monitoramento da UFABC. Se tiver dúvidas e/ou sugestões sobre as análises apresentadas, acesse http://ufabc.net.br/formboletim e envie para o Núcleo.
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7º Boletim de Monitoramento da Pandemia
Dados atualizados até 13 de janeiro
Avaliamos a situação epidemiológica dos municípios de onde provém a comunidade da UFABC, a partir de uma série de indicadores apresentados abaixo, e explicados em detalhe na nota técnica que acompanhou a primeira edição deste Boletim. A partir da quinta edição, de 09/12/2020, adicionamos a Fig. 8, explanada no Adendo I.
Os dados das últimas semanas apontam para o retorno ao patamar elevado de casos de meados de dezembro: a incidência calculada a partir de hospitalizações e o número de internações mostram forte alta após a queda durante as duas semanas de Natal e ano novo, enquanto casos totais e óbitos observados nos gráficos de média móvel (Fig. 3 e Fig. 4, respectivamente) tiveram aumento na maior parte dos municípios analisados.
Em todos os municípios da região, o número reprodutivo efetivo (Rt) permaneceu em valores próximos de 1 nas últimas semanas.
A incidência ponderada aponta para uma fração de casos ativos na população que engloba a comunidade na faixa de 0,4 a 1,2% da população, o que indica alto risco de contágio em situações de aglomeração.
Os dados do sistema SIVEP-Gripe deste ano ainda não foram publicados; foram divulgados apenas os casos até o dia 02/01/2021. Por isso, os gráficos 1, 2, e 5, que são baseados nesses dados, não contemplam a última semana. No entanto, os dados de internações (Fig. 8) e de casos totais e óbitos (Figs. 3 e 4) indicam uma forte tendência de aumento.
Nessas condições, a recomendação é manter o distanciamento físico e a fase 0 de flexibilização.
Confira, abaixo, os gráficos demonstrativos da situação epidemiológica na região e, em seguida, atualização sobre a situação de ocupação do Hospital de Campanha instalado na UFABC.
Fig. 1. A incidência quinzenal de casos graves de COVID-19 ponderada pela composição da comunidade da UFABC dá uma ideia da probabilidade de uma pessoa da comunidade estar transmitindo a doença. A curva é plotada usando casos hospitalizados acumulados por 15 dias, dividido pela população total. Sabe-se que a incidência total (não só de hospitalizados) é da ordem de 30 a 40 vezes o valor mostrado (a partir de totais de casos aferidos por inquéritos sorológicos no município de São Paulo). Assim, se o índice de risco na escala acima é 2, espera-se que, para cada 1000 pessoas no campus, 7 podem estar contaminadas (0,7%) (as barras de erro vêm da incerteza do nowcasting, que busca compensar o atraso de notificação nas bases de dados. Nossa melhor estimativa é, então, que a fração de pessoas infecciosas na população se encontra numa faixa de 0,4 a 1,2%).
Fig. 2. O número de reprodução efetivo da epidemia (Rt) representa o número de novos indivíduos infectados a partir de cada infecção, e é uma medida de aceleração da epidemia: se Rt for maior que 1, a epidemia se expande, se for menor que 1, os casos devem cair. Essa progressão é geométrica, então mesmo diferenças de 0.1 levam a diferenças grandes no número de casos após um mês. A incerteza depende tanto do número absoluto de casos (por isso é, por exemplo, menor em São Paulo), quanto da incerteza do nowcasting do número de casos, logo tende a ser grande no fim da série, o que põe em evidência as limitações do nosso conhecimento da trajetória atual da epidemia a partir dos dados disponíveis.
Fonte: Observatório Covid-19 BR, com dados da base SIVEP-Gripe de 2021-01-14.
Fig. 3. Incidência diária dos casos de SARS-CoV-2, demonstrada por pontos (círculo cinza), média móvel de sete dias (vermelho) e regressão local LOESS (azul), a partir do primeiro caso notificado à Secretaria de Estado da Saúde, em cada um dos municípios. Para que a flexibilização do isolamento físico possa ser iniciada de forma segura, considerando o ciclo e velocidade de transmissão do SARS-CoV-2, a incidência do número de casos diários deve diminuir por trinta dias consecutivos. A grande variação diária na notificação dos casos, principalmente aos finais de semana, é corrigida no cálculo da média móvel de sete dias. A regressão local permite observar a tendência de diminuição ou aumento da incidência ao longo do tempo enquanto que a observação da média móvel revela os valores de queda em números absolutos diários. Portanto, a queda da incidência por trinta dias consecutivos deve ser observada nos números da média móvel de sete dias e em nenhuma das cidades que compõem a comunidade UFABC, o período de 30 dias de queda constante na incidência ocorreu. Observa-se na última semana de notificação um aumento no número de casos na maioria das cidades que compõem a comunidade.
Fonte: dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo de 25-02-2020 a 13-01-2021, compilados pelo brasil.io, por data de notificação.
Fig. 4. Incidência diária dos óbitos decorrentes de infecção por SARS-CoV-2, demonstrada por pontos (círculo cinza), média móvel de sete dias (vermelho) e regressão local LOESS (azul), a partir do primeiro óbito notificado à Secretaria de Estado da Saúde, em cada um dos municípios. A observação do número de óbitos diários calculado pela média móvel de 7 dias registrados para cada município acompanha de certa forma as curvas de incidência descritas na figura 3. A relação entre a incidência de óbitos e de casos notificados pode auxiliar na observação da taxa de letalidade da doença na população. Uma diminuição dessa taxa poderia ser um reflexo de maior sucesso no tratamento dos doentes por parte das equipes médicas. Entretanto, é importante ressaltar que para que esse cálculo seja realizado é necessário conhecer o número total de casos por diagnóstico em massa ou por inferência a partir de inquéritos sorológicos. Estes dados não estão disponíveis para a grande maioria dos municípios que fazem parte da comunidade UFABC.
Fonte: dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo de 25-02-2020 a 13-01-2021, compilados pelo brasil.io, por data de notificação.
Fig. 5. Número de novos casos hospitalizados (incidência de casos graves) confirmados com COVID-19, por dia de primeiro sintoma dos casos notificados, corrigido por nowcasting (pontos em vermelho) para os municípios de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo, Mauá, São Caetano do Sul, Diadema, Guarulhos, Osasco, e Santos. As barras de erro correspondem à incerteza do nowcasting; a figura 1 é obtida a partir desses gráficos.
Fonte: Observatório Covid-19 BR, com dados da base SIVEP-Gripe de 2021-01-14.
Fig. 6. Número acumulado de casos de SARS-CoV-2 ao longo do tempo, a partir do primeiro caso notificado por município. A observação do número de casos diários notificados de SARS-CoV-2 acumulados ao longo do tempo permite acompanhar a evolução da epidemia. Enquanto a curva de casos diários acumulados estiver ascendente podemos afirmar que a transmissão do vírus continua ocorrendo na população. Quando essa curva atingir um platô por um período superior a trinta dias é possível afirmar que a epidemia está controlada e portanto, a transmissão do vírus é praticamente nula, com zero ocorrência de casos novos.
Fonte: dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo de 25-02-2020 a 13-01-2021, compilados pelo brasil.io, por data de notificação.
Fig. 7. Número acumulado de óbitos decorrentes de infecção por SARS-CoV-2 ao longo do tempo, a partir do primeiro óbito notificado por município. Os casos letais de COVID-19 ocorrem de modo geral, 10 a 35 dias após a infecção pelo vírus. O número de óbitos acumulados permite acompanhar a letalidade causada pelo SARS-CoV-2 quando comparado ao número de casos novos diários. Este parâmetro pode indicar controle da epidemia quando a curva resultante atingir um platô (zero óbitos novos diários) por mais de 30 dias, após permanência do platô da curva de casos novos acumulados, descrita na figura 6, também por 30 dias.
Fonte: dados da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo de 25-02-2020 a 13-01-2021, compilados pelo brasil.io, por data de notificação.
Fig. 8. Número de novas internações, em UTI ou enfermaria, de pacientes suspeitos ou confirmados de COVID-19 nos últimos 7 dias. Este parâmetro tem menor atraso de notificação, então responde mais rapidamente a tendências de curto prazo, mas a cobertura de hospitais que notificam varia ao longo do tempo, dificultando a comparação entre datas distantes ou a incidência total. Ele pode indicar controle da epidemia quando a curva atingir valores consistentemente baixos (próximo de zero novos casos) por mais de 30 dias.
Fonte: dados da Seade compilados a partir do Censo COVID SP, atualizados em 14-01-2021.
Informações de ocupação do Hospital de Campanha da UFABC
Houve uma ampliação do número de leitos de enfermaria passando de 100 para 180 e os leitos de UTI mantiveram o mesmo quantitativo de 10, totalizando 190 leitos, ou seja 73% de aumento de leitos total no hospital de campanha.
Número de leitos (UTI e Enfermaria) |
190 |
Total de Leitos Ocupados |
62 |
UTI (leitos = 10) |
6 |
Enfermaria (leitos = 180) |
56 |
Taxa de Ocupação Geral |
33% |
Fonte: Prefeitura Municipal de Santo André
atualização em 13-01-2021
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