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Mecanismos da arritmia cardíaca são elucidados por pesquisa da UFABC

Publicado: Quinta, 01 de Junho de 2017, 10h00

Estudo publicado em uma das principais revistas científicas internacionais analisa os mecanismos da fibrilação atrial, arritmia cardíaca mais frequente na prática clínica.

Coordenado pelo Prof. Dr. João Salinet, docente da Engenharia Biomédica da UFABC, em colaboração com pesquisadores da Universidade de Valência (Espanha) e da Universidade de Leicester (Inglaterra), o trabalho “Propagation of meandering rotors surrounded by areas of high dominant frequency in persistent atrial fibrillation” foi recentemente publicado em um dos principais periódicos internacionais da área de arritmias cardíacas, o Heart Rhythm Journal. O estudo avalia e indica possíveis mecanismos e padrões de comportamento associados à fibrilação atrial (FA), ainda em debate pela comunidade científica. Os métodos empregados na pesquisa utilizam avançadas ferramentas de engenharia, por meio do processamento de sinais cardíacos. Sua utilização na prática clínica tem contribuído para ampliar a compreensão da doença e possibilitar tratamentos mais eficazes num futuro próximo. 

A FA é o tipo de arritmia cardíaca mais comum encontrada na prática médica – calcula-se que afeta cerca de 1% da população mundial. Sua prevalência aumenta com a idade: as taxas de incidência em pessoas acima dos 65 anos chega a 9%. Esse tipo de enfermidade aumenta, também, o risco de acidente vascular cerebral (AVC) em cinco vezes: estima-se que um a cada quatro pacientes com AVC sofra de FA. 

A fibrilação atrial caracteriza-se por simultâneas e descoordenadas ativações das células cardíacas atriais (cavidades superiores do coração), gerando uma contração desbalanceada ("não síncrona") e um descompasso dos batimentos atriais. Essas ativações "competem" com o ritmo ditado pelo nódulo sinoatrial, considerado um marca-passo natural. Em episódios de arritmia cardíaca, ambos os fenômenos sobrepõem-se simultaneamente, aumentando em até cinco vezes a complexidade e a frequência de ativação dos átrios. Dentre os sintomas, observam-se cansaço, falta de ar, tontura, palpitações e dores no peito. 

De acordo com o professor Salinet, “o mecanismo fundamental de início e manutenção da fibrilação atrial ainda não está esclarecido, e existem controvérsias principalmente nos pacientes em que essa cardiopatia persiste por longos períodos, objeto da pesquisa. O tratamento desses pacientes, por meio de ablação, tem se mostrado menos efetivo quando comparado a outros grupos, e a localização das células drivers vem sendo um desafio para clínicos e pesquisadores. Extensivas ablações e repetitivos procedimentos são frequentemente requeridos e, como consequência, aumentam os possíveis riscos associados à intervenção e seus efeitos colaterais”. É nesse sentido que a referida pesquisa propôs-se a desvendar mecanismos e padrões de comportamento relativos à FA, bem como abordar inovadoras ferramentas de engenharia aplicáveis à medicina, com o intuito de colaborar para a sua "tradução" clínica e permitir tratamentos menos invasivos e mais efetivos. 

Questão de saúde pública
Os sintomas e morbidades relacionados à fibrilação atrial aumentam os riscos de insuficiência cardíaca e mesmo de mortalidade, o que a torna responsável por frequentes visitas ao médico e internações hospitalares, gerando custos significativos e crescentes. Considerando-se a dimensão de sua incidência populacional, configura-se como um problema de saúde pública – o que eleva ainda mais a importância das pesquisas referentes a novos entendimentos e tratamentos, tanto para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes quanto para a economia de recursos públicos. 

Sobre a publicação 
A íntegra do artigo pode ser acessada na página do Professor Salinet ou no site do Heart Rhythm Journal, publicação oficial da Heart Rhythm Society e da Cardiac Electrophysiology Society. Juntas, essas sociedades reúnem cerca de 5 mil especialistas, de mais de 70 países e organizam, anualmente, um evento científico no qual são apresentados ~1.300 trabalhos. A abertura dos eventos costuma ser proferida por personalidades ilustres, como o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. 

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Assessoria de Comunicação e Imprensa da UFABC

 

 
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