Ao infinito e além! Alunas do Bacharelado em Ciência e Tecnologia participam de missão que simula estação espacial em Marte

Nos dias 11 e 12 de dezembro de 2022, as estudantes Íris Campanella Cabral e Beatriz Alencar participaram da missão Gaia 134, organizada pela estação espacial análoga Habitat Marte, situada na zona rural de Caiçara do Rio do Vento, no semiárido potiguar, com objetivo de experimentar e desenvolver protocolos de treinamento para astronautas aplicáveis a uma potencial estação no planeta vermelho.

Treinamento extra-veicular subaquático (UEVA) para simulação de gravidade zero, atividade extra-veicular de subida no Pico do Cabugi, exploração das cavernas Deltacave e Lavacave, observações astronômicas, geológicas, biológicas e botânica, além da imersão na rotina de um astronauta (desde acomodações e alimentação, até comunicação limitada) foram algumas das tarefas praticadas.

“A experiência foi enriquecedora e inovadora. Pudemos nos superar a cada atividade e estimular nosso lado investigativo e curioso, sempre sendo incentivadas a pensar fora da caixinha em sustentabilidade no âmbito aeroespacial, adequando-nos aos imprevistos que surgiam. Abriu nossa mente para a interdisciplinaridade na prática e conseguimos visualizar o amplo leque de opções de como nossas áreas de estudo poderiam se aplicar no âmbito espacial”, relata Íris que também cursa Ciência da Computação.

O Habitat Marte, projeto de pesquisa e extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), desenvolveu mais de 100 protocolos que simulam uma estação espacial e como os seres humanos poderiam sobreviver em condições extremas em um outro planeta. O projeto elaborou estufas, centrais de saneamento, engenharia, saúde, eletricidade e lançamento de foguetes. Todos os participantes interagem como se estivessem realmente em solo marciano, usando, inclusive, roupas e capacetes de astronautas.

Da Gaia 134, também participaram as discentes Karla Cavalcante (UFPI) e Camila Siqueira Lins (IFPE), integrando assim a primeira missão totalmente feminina. Beatriz diz que sente-se lisonjeada e motivada pela oportunidade: “Isso me encoraja e inspira a continuar buscando integração e incentivo para atuação equiparada em favor das minorias nos campos das ciências, principalmente com ênfase na astrobiologia, campo pouco explorado no Brasil e com baixa representatividade de mulheres”.

O professor do Departamento de Engenharia da Produção da UFRN e criador da primeira estação de pesquisa e simulação de Marte no hemisfério sul, Júlio Rezende, relata que sente falta da atuação das mulhere no setor: “Elas podem participar mais de projetos e iniciativas como as missões da estação espacial Habitat Marte. Apresentamos desafios de pesquisa e oportunidades para preparação de trabalhos para enviar para congressos nacionais e internacionais. Elas devem acreditar que podem produzir ciência e serem protagonistas em qualquer área do conhecimento que desejem pesquisar.”

O convite para a missão veio após o evento What is life, em junho do mesmo ano, desenvolvido pelo projeto Desbravadoras do Universo (DDU). A iniciativa é coordenada por Campanella e, hoje em dia, constitui-se de um grupo majoritariamente feminino e interdisciplinar de pesquisas na área espacial. A DDU possui uma vertente de extensão, atuando com popularização da ciência, através de um perfil no Instagram e um canal no YouTube, promovendo conversas com cientistas, com foco na divulgação das ciências planetárias.

Assessoria de Comunicação e Imprensa