Estudos de alunas de mestrado da UFABC avaliam a qualidade da água dos córregos de Santo André
Trabalhos sugerem necessidade de intervenção para proteger recursos degradados
Dois estudos recentes produzidos por ex-orientandas do professor da UFABC Ricardo Taniwaki apontam a degradação da qualidade da água nos córregos urbanos de Santo André. Os resultados foram obtidos pelas estudantes Marilena Luciano e Rafaella Espeçoto enquanto elas estavam vinculadas ao mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade.
Os trabalhos apresentam o impacto negativo da expansão urbana e da contaminação ambiental e sugerem a necessidade urgente de intervenções para proteger os recursos hídricos.
O estudo liderado por Marilena demonstra os efeitos da expansão urbana sobre os córregos da cidade, como a impermeabilização do solo, a redução da cobertura vegetal e a liberação de poluentes difusos.
Avaliando sete bacias hidrográficas em Santo André, os pesquisadores analisaram a qualidade da água durante as estações seca e chuvosa. Os principais resultados revelaram que três córregos—Carapetuba, Jundiaí e Apiaí—eram particularmente vulneráveis, apresentando níveis de condutividade acima de 500 µS/cm, oxigênio dissolvido abaixo de 2 mg/L e concentrações de carbono e nitrogênio dissolvidos muito acima dos limites aceitáveis.
Essas condições, especialmente durante a estação seca, indicam contaminação orgânica acentuada devido à menor ocorrência de chuvas e consequente redução da diluição. O estudo aponta a necessidade de monitoramento contínuo e a imediata implantação de coleta e tratamento de esgoto em assentamentos irregulares para combater a deterioração da qualidade da água.
“Além disso, seria importante estabelecer soluções baseadas na natureza, com enfoque na melhora da infiltração da água da chuva. Alguns exemplos são jardins de chuva, canteiros pluviais e biovaletas”, afirmou Taniwaki.
O trabalho de Rafaella lança luz sobre os riscos ambientais em longo prazo apresentados pelos elementos potencialmente tóxicos (EPTs) nos córregos urbanos. Apesar da presença de estações de tratamento de esgoto, EPTs como manganês, ferro e zinco continuam presentes em níveis perigosos, ameaçando os ecossistemas aquáticos.
Usando técnicas avançadas de espectrometria, os pesquisadores sob o comando de Rafaella descobriram que as concentrações desses elementos tóxicos aumentaram tanto nas estações secas quanto nas chuvosas, com níveis mais altos de cromo e ferro durante os períodos de seca e aumento de zinco em épocas de maior chuva. Os resultados sugerem que a infraestrutura de tratamento atual é insuficiente para mitigar os efeitos desses poluentes, que continuam a ameaçar a qualidade da água doce na região.
Ambos os estudos recomendam o monitoramento contínuo e esforços urgentes de remediação para enfrentar os efeitos do crescimento industrial, da poluição veicular e do esgoto não tratado nos sistemas hídricos da região. A ação imediata é essencial para garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos urbanos de Santo André e proteger a saúde pública.
De acordo com o professor, o trabalho delas foi muito importante, porque estudos avaliando a qualidade da água em córregos de Santo André eram escassos e sem abrangência espacial. “Além disso, as análises delas poderão ajudar no planejamento e implantação de políticas públicas na região”, disse Taniwaki.
Os trabalhos completos podem ser encontrados em:
Assessment of Potentially Toxic Elements in Subtropical Urban Streams (Santo André, SP, Brazil)
Assessoria de Comunicação e Imprensa - UFABC
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