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UFABC e FMABC estabelecem parceria em projeto para diagnósticos de Covid-19

Publicado: Sexta, 19 de Junho de 2020, 19h32

Desde o dia 13 de abril, um grupo de seis alunas do programa de Pós-graduação em Biossistemas da UFABC, em parceria com a Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), estão realizando testes para diagnosticar a presença do novo Coronavírus em amostras de pacientes suspeitos de infecção, por meio de coletas realizadas em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da região.

Os testes são feitos no laboratório de Análises Clínicas da FMABC, coordenado pelo Prof. Dr. Fernando Luiz Affonso Fonseca, o qual presta serviço ao Sistema Único de Saúde (SUS) da região do ABC. A parceria entre as universidades é coordenada pela professora Márcia Aparecida Sperança, docente do Centro de Ciências Naturais e Humanas (CCNH) e do programa de pós-graduação em Biossistemas da UFABC.

Para a docente, além de promover a atuação e o estabelecimento de vínculos entre as instituições de ensino superior e os órgãos de saúde pública da região, a iniciativa pode contribuir com o desenvolvimento de novos projetos de pesquisa que relacionem o conhecimento produzido sobre o novo Coronavírus a doenças já conhecidas.

O projeto, com previsão de duração de três meses, foi viabilizado por meio da liberação de uma verba do Governo Federal destinada às universidades federais para atuarem no combate à Covid-19. Logo que a UFABC foi contemplada com esse recurso, foram ofertadas três bolsas a estudantes da pós-graduação da Instituição para realizarem  3.000 testes moleculares (RT-PCR) para o diagnóstico da doença.

A seleção dos discentes seguiu critérios que pudessem priorizar candidatos com experiência de trabalho na rotina de diagnósticos e com conhecimento em biologia molecular. Constitui-se, então, uma equipe de mulheres bolsistas e voluntárias.

 

Estudantes selecionadas para diagnóstico de Covid-19

Estudantes da equipe de diagnósticos de Covid-19 (UFABC - FMABC). Da esquerda para a direita: Luana, Camila e Renata
 

As estudantes fazem a extração de RNA (ácido ribonucleico) do material coletado de pacientes e participam do processo de amplificação viral das amostras para realizarem o diagnóstico. Para isso, cumprem plantões de 12 horas e são escaladas em jornadas de trabalho seguindo a regra “dia sim - dia não”, de modo a não ficarem expostas por muito tempo. Como medida de segurança, ao final de cada semana, realizam testes entre si para o controle de possíveis infecções.

“Para as alunas, o projeto tem sido crucial para compreenderem mais sobre a saúde pública, já que elas atuam dentro de laboratórios. O aprendizado está sendo grande e importante, pois ver a realidade de perto faz com que a gente amadureça e tente buscar soluções, afinal, esse é o papel da universidade, mesmo com as dificuldades que enfrentamos”, afirma a professora Márcia.

Saiba quem são as discentes da UFABC envolvidas na linha de frente no combate ao novo Coronavírus e conheça os relatos de como tem sido a sua experiência no projeto:

- Adriana Feliciano Alves Duran, pós-doutoranda em Biossistemas: “Está sendo um desafio e um aprendizado muito grande trabalhar com essa alta quantidade de amostras. Além da técnica que estou aprimorando a cada dia, a convivência e o trabalho em equipe têm sido os meus maiores ganhos em vários sentidos. Eu vejo que é uma forma de retribuir para a sociedade todo o investimento que recebi ao longo da minha formação no ensino público”.

- Aline Diniz Cabral, pós-doutoranda em Biossistemas: “É muito gratificante sentir-se útil neste momento e poder ajudar. Eu sempre vivi para a pesquisa, e temos muita preocupação com essa rotina que é pesada, mas estamos todos no mesmo barco. Tenho aprendido muito, pois a formação interdisciplinar da UFABC nos possibilita aprender coisas novas, e a pesquisa é importante nesse ponto para compartilharmos nossas experiências”.

- Camila Mosca Barbosa, doutoranda em Biossistemas: “Para mim, essa experiência tem sido gratificante por ser um momento em que posso servir à população. Embora eu já tenha vivência em laboratórios, a rotina é diferente e tem contribuído na questão do trabalho em equipe, pois ninguém faz nada sozinho. Tudo isso contribui para a nossa formação pessoal e profissional”.

- Graziele Cristina Ferreira, doutoranda em Biossistemas: “Além de ser uma experiência de trabalho intenso, a gente tem que lidar também com a tensão de estar exposta ao vírus. Apesar dessa preocupação e do cansaço, tem sido gratificante participar. Eu tenho aprendido muito pelo fato de colocar em prática coisas que aprendi ao longo da minha formação. Embora o trabalho do cientista às vezes não seja valorizado, é uma forma com a qual eu posso retribuir de alguma forma para a comunidade todo o investimento em mim depositado.”

- Luana Prado Rolim de Oliveira, mestranda em Biossistemas: “No começo, foi bem cansativo: do aprimoramento das técnicas à intensificação do fluxo de amostras. Com o tempo, estabelecemos amizades e temos estratégias para não deixar o ambiente tão pesado. A principal experiência que tenho adquirido é com relação ao aprendizado de diferentes técnicas de biologia molecular, contribuindo para o meu mestrado".

 - Renata Torres da Costa, doutoranda em Biossistemas: “Quando eu cheguei ao laboratório, foi tudo bem diferente de tudo que já tinha vivido, pois estamos acostumados ao meio acadêmico com todo um método de trabalho específico e maior flexibilização. Agora estamos lidando com amostras diretas de pacientes e mais tipos de exposição. Esse ritmo de trabalho intenso nos aproxima do mercado de trabalho e nos tira da zona de conforto, indicando toda uma área de atuação que podemos seguir”.

 

Estudantes selecionadas para diagnóstico de Covid-19 em laboratório de análises

 Estudantes da equipe de diagnósticos de Covid-19 (UFABC - FMABC). Da esquerda para a direita: Aline, Adriana e Graziele

 

Por: Cinthia Guimarães

Assessoria de Comunicação e Imprensa da UFABC

Registrado em: Notícias
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