Presidente Lula se reúne com reitoras e reitores de universidades e institutos federais
Representantes destacaram a importância de 'meios orçamentários dignos e adequados' para garantir a função das instituições.
Lula destacou em seu discurso o papel central da educação em seu projeto de governo. Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
“Estamos saindo das trevas para voltar à luminosidade de um novo tempo”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura de encontro com reitoras e reitores de universidades e institutos federais de ensino, na manhã desta quinta-feira, 19 de janeiro, no Palácio do Planalto, em Brasília/DF. A agenda marcou a retomada de encontros anuais entre a Presidência da República, ministros e dirigentes das instituições de ensino, iniciados na gestão de Fernando Haddad à frente do Ministério da Educação (2005-2012), e mantida durante os governos Lula e Dilma Rousseff. Lula criticou a interrupção dos encontros e afirmou que a agenda com reitoras e reitores “é o encontro da civilização”. “Eu nunca consegui compreender a dificuldade de um presidente da República se encontrar com reitores uma vez por ano. A única explicação que vejo é o medo de ouvir reivindicações”, disse.
Além de celebrar a retomada dos encontros, o presidente Lula destacou o papel central da educação em seu projeto de governo e de nação. “Não existe, na história da humanidade, nenhum país que conseguiu se desenvolver sem que antes tivesse resolvido o problema da formação do seu povo. Nós estamos começando um novo momento: eu sei do obscurantismo que vocês viveram nesses últimos quatro anos”, pontuou. Defendeu em seu discurso o respeito à nomeação do primeiro nome da lista tríplice na escolha de reitoras e reitores, tratando de tema fundamental para as comunidades universitárias e relacionado ao princípio constitucional da autonomia universitária.
O presidente destacou ainda os avanços promovidos na educação brasileira em sua gestão ao longo de dois governos (2003-2010). “Eu tenho orgulho de ter vivido um momento em que a gente mais acreditou na educação. O momento em que a gente mais investiu em ciência e tecnologia, na educação universitária, no ensino fundamental, no ensino médio e nos institutos federais”, afirmou.
Simbologia
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Marcelo Fonseca, destacou a importância da retomada do encontro logo no primeiro mês de gestão. “Essa geração de reitores e reitoras – e creio que parte da geração anterior – não sabe o que isso significa, porque nunca experimentou uma reunião com o presidente da República, no Palácio do Planalto. Tenho certeza de que é um gesto carregado de simbologia”, afirmou.
Ricardo Fonseca fez ainda um resgate das dificuldades enfrentadas pelas universidades e institutos ao longo dos quatro anos de governo Bolsonaro. “Nossas universidades federais foram maltratadas, detratadas e esganadas orçamentariamente. Fomos colocados como alvo e, pior, fomos alijados do nosso papel natural, que é estar a serviço do Brasil nos projetos de desenvolvimento nacional”, lembrou. Fonseca enfatizou, ainda, que para exercer suas funções as universidades e os institutos precisam de meios orçamentários dignos e adequados.
O presidente da Andifes falou ainda da disposição de as universidades e institutos retomarem seu papel. “Este conjunto [de instituições] quer apresentar a esse governo sua firme disposição de estar a serviço do Brasil a partir de agora. Nós sabemos que o berço da produção de ciência e tecnologia são as universidades públicas brasileiras, e sem ciência e tecnologia não há desenvolvimento, não há soberania, não há civilidade”, afirmou.
O dirigente lembrou ainda a atuação das universidades na defesa da democracia e reforçou a importância de contribuírem em diferentes esferas. “Queremos nos colocar a serviço dos projetos estratégicos do Brasil, nas áreas de meio ambiente, energia limpa, reindustrialização e educação, para acabar com essa dualidade entre a educação superior e os demais níveis de ensino, porque as universidades entendem que a educação básica e os outros níveis de educação também são assuntos nossos”, completou.
Projeto de país
A reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Regina Goulart Almeida, discursou como uma representante das mulheres que dirigem instituições de ensino superior. Ela abriu sua fala fazendo alusão à ainda diminuta representação feminina nesse campo. “Represento aqui as reitoras – somos poucas, mas barulhentas, porque é necessário”, destacou ela.
Segundo a reitora Sandra Goulart, a ciência e a educação superior estão hoje, “mais do que nunca”, a serviço do povo brasileiro, como se pôde observar durante momentos recentes, como a pandemia da covid-19. “Podemos contribuir, de forma significativa, para o governo alcançar suas metas, como acabar com a fome e cuidar do povo, para a melhoria de vida da população. Nossas instituições já começaram, desde a transição e a composição do governo, a contribuir com o país que queremos para nós e para as gerações vindouras”, afirmou.
Patrimônio da inteligência
O encontro também teve o objetivo de apresentar às reitoras e aos reitores os novos ministros da Educação, Camila Santana, e da Ciência, Tecnologia e Inovações, Luciana Santos. As duas pastas mantêm relação direta com o dia a dia das instituições.
Luciana Santos lembrou que as universidades são um patrimônio da inteligência brasileira e defendeu que, apenas por meio da ciência, é possível resolver os problemas do país, em diferentes esferas. Para isso, segundo ela, será preciso resgatar valores civilizatórios, ignorados e até combatidos nos últimos anos.
A ministra advogou ainda a necessidade de um ambiente democrático para o desenvolvimento da ciência e afirmou que, à frente da pasta, terá atuação incansável para assegurar os recursos necessários para a ciência e a tecnologia brasileiras.
Camilo Santana, da Educação, falou sobre a importância do ensino, em seus diferentes níveis, entre os quais o superior, que voltará, segundo ele, a ter a devida valorização no terceiro governo Lula e na gestão do MEC.
Discursaram ainda a reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Joana Angélica Guimarães da Luz, e o reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Emmanuel Zagury Tourinho.
Também participaram da reunião os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Secretaria-geral da Presidência, Márcio Macêdo. E estiveram presentes cerca de 100 reitoras e reitores das instituições federais de ensino superior.
O presidente Lula entre os ministros Camilo Santana e Luciana Santos em encontro com reitores das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Andifes
A diretoria da Andifes esteve em audiência com o ministro da Educação, Camilo Santana, com a secretária de Educação Superior, Denise Pires Carvalho, além dos chefes de gabinete e de comunicação do Ministério da Educação, no dia anterior (18/01), na sede do ministério, também em Brasília/DF. Além do presidente, Ricardo Marcelo Fonseca, a entidade foi representada pelos quatro vice-presidentes, os reitores Alfredo Macedo Gomes (UFPE), Dácio Roberto Matheus (UFABC), Evandro Aparecido Soares da Silva (UFMT) e a reitora Marcele Regina Nogueira Pereira (UNIR), e pelo secretário executivo da entidade, Gustavo Balduino. Na oportunidade, foi apresentado um conjunto de temas de relevância para as universidades federais, como orçamento, autonomia, assistência estudantil, interação com a educação básica, entre outros.
Direitoria da Andifes em audiência com o ministro da Educação, Camilo Santana, com a Secretária de Educação Superior, Denise Pires Carvalho, além dos chefes de gabinete e de comunicação do Ministério da Educação (MEC). Foto: Luis Fortes/MEC
Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da UFPR e presidente da Andifes, registrou ainda a satisfação pela escolha da reitora Denise como secretária da Secretaria de Educação Superior (SESu), e convidou o ministro para a próxima reunião do Conselho Pleno da Andifes.
De acordo com o ministro da Educação, o MEC está de portas abertas para as universidades e o atual governo quer dialogar e reconstruir pontes, buscando sempre o consenso e o respeito pela autonomia. “Sou um árduo defensor das universidades federais e da ciência e tecnologia, que vejo como estratégicas para o país”, afirmou Santana. E acrescentou: “Não há desenvolvimento sem universidades. Por isso, queremos a academia dentro do MEC e das secretarias específicas, como parte de uma política de estado efetiva; e as universidades são especialistas nas pautas que são importantes para nós.”
Avaliação
Na percepção de Dácio Roberto Matheus, reitor da UFABC e vice-presidente da Andifes, este encontro marca a "abertura de diálogo direto das universidades com todos os ministérios para o desenvolvimento do ensino superior brasileiro e para sua contribuição para as políticas públicas necessárias à população brasileira". Segundo o reitor, "não serão fáceis os desafios, mas ao menos temos agora interlocutores no governo que acreditam, para além de qualquer discurso, no papel da educação e da ciência e tecnologia para o desenvolvimento social e econômico da nação".
Dácio Roberto Matheus, reitor da UFABC e vice-presidente da Andifes, à esquerda em foto com o Ministro da Educação, Camilo Santana e à direita, em foto com o presidente Lula.
Fotos: Foto da esquerda - Luis Fortes/MEC e foto da direita - Ricardo Stuckert/Presidência da República.
Texto: Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI UFABC), com adaptação de trechos de texto da Comunicação UFU e Comunicação UFMG.
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